Birra no supermercado, versão 'é comigo'.


Pedrokinhas está uma graça... mas... Andamos numa fase do "QUERO!"...
Estávamos agora no supermercado e fomos lanchar, ao lado estavam revistas, e aquelas revistas com brinquedos inúteis. Já estão a ver a cena do espetáculo do dia?
Hora de vir embora, começa já a choramingar em tom crescente dizendo "quééé!!" - ainda não fala - e o gemido/choro/grito/voutematardevergonha cada vez mais alto.
Olhei e disse "Esquecemos alguma coisa TUA ali?", com a cabeça fez que sim... "então vai buscar". Parou meio surpreso, olhou para o brinquedo apontou e voltou a chorar.
"Se não é teu, podemos ir embora".
Na hora ficou meio perdido e eu lhe peguei pela mão, e o choro ganhou a proporção de birra 'vou para o chão'.
Olhei séria/brava "vou agora mesmo falar com as pessoas da loja e perguntar porque tem uma coisa tua ali", novamente, soluçando de tanto sofrimento, consentiu com a cabeça.

Com ele pela mão fomos à senhora que estava parada ao lado. Uma simpática funcionária das limpezas da loja, com quem inclusive já tinha trocado meia dúzia de palavras momentos antes.

"Peço desculpas estar-lhe a incomodar mas, meu filho insiste que aquilo o pertence.
É dele?" Ao que obviamente respondeu que não, também ela estava a assistir o show, e facilmente percebeu o papel dela na dramaturgia.
Pedro constrangido baixou a cabeça - ohhhhhhh que fofinho - e viemos embora.

(No elevador... "Nunca mais faças isso Pedro, nós não trazemos oque não é nosso!" 😛😜 )
The end.

Por Stephanie Matos, Mãe de Família.
#Tea #Azul

Se Apronta pra recomeçar...



Serve para tantos momentos a letra desta canção...
Ainda me lembro o medo que sentia de não amar tanto o Pedro quanto amava a Joana... até que nasceu...e junto com ele veio uma caixinha cheia de um agente erradicável que vive no núcleo de cada célula do meu ser...Amor.
A seguir veio Jorge enquanto o mundo caía na minha cabeça e descobri que meu coração tem muito mais que 2 átrios....

Logo eu que caminhei sempre tão sozinha, agora estou acompanhada e com coração preenchido todos os segundos do meu dia.
Como diz uma amiga de "El Salvador"..."#PrimeroDios" E depois o mundo cheio Dele não há mais espaço para nada se não amor...E se aprontar para recomeçar todos os dias.

"A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa entender que um amor de verdade
É feito canção, qualquer coisa assim
Que tem seu começo, seu meio e seu fim

A vida tem sons que pra gente ouvir
Precisa aprender a começar de novo
É como tocar o mesmo violão
E nele compor uma nova canção

Que fale de amor
Que faça chorar
Que toque mais forte
Esse meu coração

Ah! Coração!
Se apronta pra recomeçar
Ah! Coração!
Esquece esse medo de amar de novo"

Lar doce lar...




Se eu tivesse que escolher uma palavra que me representa, seria "brio".
Minha infância e parte da adolescência foi cheia de amor próprio, que tanto ofendia os que passavam por mim. Em 36 anos apenas tive pessoas que passaram por mim.

Nunca vivi mais do que 4 anos na mesma casa, nunca. Me impressiona quando oiço alguém dizer, "esta é minha casa". Me apercebi que nos poucos 6 anos de vida da minha filha, ela já morou em mais de 7 casas. Não sei se herdei este desapego a paredes e bens, ou se fui desenvolvendo com as necessidades da vida.
Avaliando isso, pensei no tal Brio, o valor que me fazia erguer a cabeça e tanto esforçavam-se por injuriar.
Altivez, vaidade, arrogância, classificavam-me. Ensinaram-me que o pundonor, o tal amor próprio que era nato em mim, devia ser quebrado. Que era ameaça ao mundo. "Você tem que ser mais humilde".
Sempre quis um lar, sempre quis um lugar que me fizesse sentir em casa, que eu pudesse repousar segura e dizer, este aconchego se encaixa a mim como eu a ele.
Meu conceito de lar não inclui paredes, geografias ou qualquer adorno, o único critério é a segurança física e emocional. Meu sonho de lar.... sonho.
Partilhei o jornal que aquecia o chão na rua com desconhecidos que como eu sabiam que neste mundo nada temos e daqui nada levamos.
Amei e fui amada, fui odiada, já apanhei.
Dormi com fome, e pela manhã estava lado a lado com quem tinha amais, nunca me revoltei contra ninguém por isso. Cada um com sua seara, mas meu brio nunca me fez indiferente, sempre estimulou a plantar com os que plantam mesmo que eu não colhesse um grão daquela safra.
Não sou santa, não sou "a boazinha", não sou vitima. Apenas via que precisava ser feito, e fazia junto. Nem sempre tanto ou tão bem feito quanto eu gostaria, mas ali estava eu, carregando sacos de cimento no mutirão de obra do desalojado, segurando a mão na madrugada fria de gente que eu sabia que ia morrer sozinha antes do amanhecer, conversando horas a fio com quem estava angustiado e me desfazia a alma ver sofrer.
Todos passaram... todos foram. Ninguém nunca ficou. Escrevo isto e me vem ao coração,
" Vendo Jesus uma multidão ao redor de si, deu ordem de partir para o outro lado do mar.    E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te- ei para onde quer que fores.   Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." Mateus 8:18-20.
Ele não fugia das pessoas, fugia das multidões. Da glória inglória, não necessitava a vaidade dos aplausos, sua vida era servir quem queria ser servido, e ensinar a "pedir e querer" aos que não sabiam escolher.
E quando um "Doutor" da época, um dos de grande status lhe diz: Eu deixo tudo e vou para onde você vai, Ele, meu mestre diz: Eu não tenho rota definida, não tenho um altar para que me exaltem, ou um reino que eu governe neste mundo. Tenho pessoas que precisam e seguem oque ensino, e estes são meus pai's, minhas mãe's e meus irmãos.
Nada ou ninguém que tenho é direito herdado, todos eu conquisto dia a dia quando eles escolhem viver pelo meu sangue, pelo que acredito e amo.

A verdade é que minha casa, nunca foi aqui, eu sei. Meu coração se aperta com saudades de casa, da casa que enquanto aqui viver não irei conhecer. Meus laços de sangue eu criei com os que vieram e foram.
Hoje sou mãe, e desde que entreguei meu corpo a eles, fiz-me lar dos que de meu ventre saíram.
Por muitos anos me tentaram convencer que meus valores eram individualistas e soberbos.

Hoje, não quero reaver esta tal estima que eu me tinha. Foram tantas pancadas. A força do caule deste pequeno arbusto era ofensiva demais aos que temiam minha "altivez".

Num ramo tão fino crescem tão pesadas uvas.

Desisti, hoje quero apenas ser uma flor, dificilmente conseguirei ser mais uma das que estão no jardim, não consigo estar quieta sabendo que tantos lugares precisam ser polinizados. Mas estou aqui, briosa com meus raminhos que não tardam também darão seus próprios frutos.
#Autistaéamãe

Dia do pai 2019.

Foto:andreiagrcia.pt


4h da manhã... aquele chorinho, o pai pergunta baixinho "Onde está a chucha, amor?", "Está aqui amor, estava a tentar por-lhe na boca", está escuro.
Já em seus braços, poe-no de barriga para baixo contra seu peito, o calor ameniza a dor das cólicas. E eu, a mãe volto a dormir.
Pelo dia mais merecido deste ano, a você que é Pai o dia todo e em todas as situações, Feliz dia do Pai!

A Palavra quase esquecida.


Tinha eu 11 anos quando uma jovem, veio a nossa igreja.
Eu já tocava o violão, e na ante sala da igreja, à entrada junto à porta de saída, estava eu quase que secretamente a tocar acompanhando o grupo que estava lá a frente no palco do altar.
Entrou, disse que queria me ensinar uma musica que segundo ela eu ia gostar muito.
Foi a primeira e ultima vez que escutei alguém cantar esta canção... mas hoje, 25 anos depois, enquanto grata observava as pessoas que amo, cantarolava em minha mente, vezes sem conta, esta inesquecível letra.
"Uma palavra tão linda já
Quase esquecida me fez recordar
Contendo sete letrinhas e
Todas juntinhas se ler cativar
Cativar é amar
É também carregar
Um pouquinho da dor
Que alguém tem que levar
Cativou disse alguém
Laços fortes criou
Responsável tu és
Pelo que cativou
Num deserto tão só
Entre homens de bem
Vou tentar cativar
Viver perto de alguém"
E agradeço a Deus porque tenho cativado pessoas de bem, fazendo jus ao trecho final da canção.
E a tal Jovem, como um anjo que entra executa uma tarefa e vai, não chegou a entrar dentro da igreja, veio, ensinou e saiu.
Por Dra.Stephanie Matos

Mas que bebé mais feio!!!


Estava eu em minha vidinha observadora do ser humano, como sou #autista  desde que descobri que o mundo não começou no dia em que eu nasci, e que as pessoas não viam e pensavam o mesmo que eu (sim, acreditei nisto até os meus 7 ou 8 anos) comecei a observar muito mais as pessoas para tentar perceber como entendiam o mundo as relações, o que queriam, sentiam... 

Pois bem...nesta manhã estão deliciosos 15° aqui na praia no Estoril, Portugal.

Vejo muitas mães com seus carrinhos de bebé a fazer exercícios outras apenas passeiam.

Eis que uma destas, com roupas curtas de ginástica, demonstrando alguma boa forma física, corria enquanto empurrava o carrinho. Duas senhoras muito simpáticas cumprimentam-na.
"Olha, já por aqui? como estás bem..."
A mãe para sua corrida..
"Está acordada tua bebé? podemos ver?" Consente sorridente e orgulhosa a mãe.

"Que bebé mais gira, mesmo bonita!!! 😍" Sorridentes as tais duas senhoras, despedem-se e a mãe segue para uma via e as duas para outra.
Passam por mim, e oiço-as dizer "Mas que bebé mais feia!!!", "e fulana? está pior que estragada".

Cada dia tenho mais a certeza de que o nosso planeta é cheio de gente, mas escasso de humanos.

Partir as pontes...



E de repente vou entrando em modo anestesia. Começa com uma dor, uma dormência que formiga e pica. Me incomoda e luto contra ela, mais agora que já conheço o prognóstico.
A seguir uma inércia, uma apatia que me rouba a vontade de tentar. Lutei, e se não tive forças, é porque já é inevitável.
Nesta fase me apercebo do caminho que estou a seguir, vejo que ainda há chances de voltar atrás, e tenho duas escolhas: dou marcha trás e repito o ciclo que me levou até ali, ou simplesmente destruo a estrada, quebro as pontes e impossibilito meu caminho de volta.
Eu sou teimosa e emotiva, volto atrás, repito, bato na mesma tecla, em algum momento o enter vai funcionar. Insisto já nem por mim, mas porque sei que vou magoar quando desistir. O mundo não está preparado para nós, pessoas que esquecem.
Acreditam que o rancor, a raiva, o amor... qualquer sentimento, nem que seja o de culpa nos vai fazer ficar.
Um dia apenas já só oiço minha própria voz, já estou a gritar no vazio da indiferença alheia. E neste momento, sem pausas para reflexões, eu parto tudo. Quebro as pontes que me fariam voltar atrás. Já tenho ausência total de dor, de alegria, de sentimentos. A dormência progrediu e agora a analgesia é total. Nem para bem ou para mal...
Um dia assistindo as "Pontes de Madson" me revi, acredito que todas nós nos revemos ali. Sim, eu teria ficado no carro, não, eu não teria seguido caminho com o outro. Mas jamais teria continuado no vazio, na raca da ausência de sentimentos.
Eu preciso falar, ser ouvida e mais do que isso, não posso conviver com apenas o tom da minha voz. Talvez eu não seja tão auto em mim quanto penso.

Assino eu a Mãe que é mulher, é autista e que é passional como todo neurodivergente.

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