Dia do pai 2019.

Foto:andreiagrcia.pt


4h da manhã... aquele chorinho, o pai pergunta baixinho "Onde está a chucha, amor?", "Está aqui amor, estava a tentar por-lhe na boca", está escuro.
Já em seus braços, poe-no de barriga para baixo contra seu peito, o calor ameniza a dor das cólicas. E eu, a mãe volto a dormir.
Pelo dia mais merecido deste ano, a você que é Pai o dia todo e em todas as situações, Feliz dia do Pai!

A Palavra quase esquecida.


Tinha eu 11 anos quando uma jovem, veio a nossa igreja.
Eu já tocava o violão, e na ante sala da igreja, à entrada junto à porta de saída, estava eu quase que secretamente a tocar acompanhando o grupo que estava lá a frente no palco do altar.
Entrou, disse que queria me ensinar uma musica que segundo ela eu ia gostar muito.
Foi a primeira e ultima vez que escutei alguém cantar esta canção... mas hoje, 25 anos depois, enquanto grata observava as pessoas que amo, cantarolava em minha mente, vezes sem conta, esta inesquecível letra.
"Uma palavra tão linda já
Quase esquecida me fez recordar
Contendo sete letrinhas e
Todas juntinhas se ler cativar
Cativar é amar
É também carregar
Um pouquinho da dor
Que alguém tem que levar
Cativou disse alguém
Laços fortes criou
Responsável tu és
Pelo que cativou
Num deserto tão só
Entre homens de bem
Vou tentar cativar
Viver perto de alguém"
E agradeço a Deus porque tenho cativado pessoas de bem, fazendo jus ao trecho final da canção.
E a tal Jovem, como um anjo que entra executa uma tarefa e vai, não chegou a entrar dentro da igreja, veio, ensinou e saiu.
Por Dra.Stephanie Matos

Mas que bebé mais feio!!!


Estava eu em minha vidinha observadora do ser humano, como sou #autista  desde que descobri que o mundo não começou no dia em que eu nasci, e que as pessoas não viam e pensavam o mesmo que eu (sim, acreditei nisto até os meus 7 ou 8 anos) comecei a observar muito mais as pessoas para tentar perceber como entendiam o mundo as relações, o que queriam, sentiam... 

Pois bem...nesta manhã estão deliciosos 15° aqui na praia no Estoril, Portugal.

Vejo muitas mães com seus carrinhos de bebé a fazer exercícios outras apenas passeiam.

Eis que uma destas, com roupas curtas de ginástica, demonstrando alguma boa forma física, corria enquanto empurrava o carrinho. Duas senhoras muito simpáticas cumprimentam-na.
"Olha, já por aqui? como estás bem..."
A mãe para sua corrida..
"Está acordada tua bebé? podemos ver?" Consente sorridente e orgulhosa a mãe.

"Que bebé mais gira, mesmo bonita!!! 😍" Sorridentes as tais duas senhoras, despedem-se e a mãe segue para uma via e as duas para outra.
Passam por mim, e oiço-as dizer "Mas que bebé mais feia!!!", "e fulana? está pior que estragada".

Cada dia tenho mais a certeza de que o nosso planeta é cheio de gente, mas escasso de humanos.

Partir as pontes...



E de repente vou entrando em modo anestesia. Começa com uma dor, uma dormência que formiga e pica. Me incomoda e luto contra ela, mais agora que já conheço o prognóstico.
A seguir uma inércia, uma apatia que me rouba a vontade de tentar. Lutei, e se não tive forças, é porque já é inevitável.
Nesta fase me apercebo do caminho que estou a seguir, vejo que ainda há chances de voltar atrás, e tenho duas escolhas: dou marcha trás e repito o ciclo que me levou até ali, ou simplesmente destruo a estrada, quebro as pontes e impossibilito meu caminho de volta.
Eu sou teimosa e emotiva, volto atrás, repito, bato na mesma tecla, em algum momento o enter vai funcionar. Insisto já nem por mim, mas porque sei que vou magoar quando desistir. O mundo não está preparado para nós, pessoas que esquecem.
Acreditam que o rancor, a raiva, o amor... qualquer sentimento, nem que seja o de culpa nos vai fazer ficar.
Um dia apenas já só oiço minha própria voz, já estou a gritar no vazio da indiferença alheia. E neste momento, sem pausas para reflexões, eu parto tudo. Quebro as pontes que me fariam voltar atrás. Já tenho ausência total de dor, de alegria, de sentimentos. A dormência progrediu e agora a analgesia é total. Nem para bem ou para mal...
Um dia assistindo as "Pontes de Madson" me revi, acredito que todas nós nos revemos ali. Sim, eu teria ficado no carro, não, eu não teria seguido caminho com o outro. Mas jamais teria continuado no vazio, na raca da ausência de sentimentos.
Eu preciso falar, ser ouvida e mais do que isso, não posso conviver com apenas o tom da minha voz. Talvez eu não seja tão auto em mim quanto penso.

Assino eu a Mãe que é mulher, é autista e que é passional como todo neurodivergente.

Eu sou feliz e grito para todo mundo ouvir!!


Depois da tempestade sempre vem a bonança, esta é a esperança, até para os mais céticos. Quando tudo vai mal, por mais triste, desencorajado e perdido alguém esteja, a crença de que "pior do que está não pode ficar" ou "amanhã é outro dia e a chuva vai passar" faz-nos conseguir viver.

Mas e o contrario? Será que depois da bonança, vem tempestade?

Em Cadiz, a cidade espanhola que morei, havia uma expressão meteorológica muito interessante: "vento de levante", dificilmente alguém lá não identifica quando ele vem..
Começa com um ar mais seco, um calor que literalmente vem do Saara. Nada prevê que virá, mas quando vem, sabemos o que precede.
O ar seco, sem um sopro. Que calor!!!
Estamos em uma suposta paz, um silêncio da natureza, sem as forte ondas ou o movimento das folhas das árvores, e em segundos começa o"Levante".
Um vendaval vindo de um anti ciclone da Europa, forte com areia a voar, o mar revolto.. 

Quando uma coisa boa nos acontece, queremos cantar, gritar aos 4 ventos e espalhar a notícia. Estou feliz!!Tudo deu certo!!  Ou... estou quase conseguindo!
E alguém com palavras que aparentam sabedoria diz: "Não conte a ninguém para que não haja mal agoiro!" "Cuidado porque se contar não acontece!".

A tempestade não virá porque você contente festeja. A tempestade vem porque nuvens se formam, ninguém controla quando o vento muda de direção.

Conte as boas novas e dê testemunho do que de bom te acontece, faz bem a você que comemora a vitória e pode servir de exemplo a quem esmorece e precisa sair da tempestade.
Se no fim não foi exatamente como esperava, se uma fatalidade acontecer, ao menos comemorou o hoje.
E quando o tempo estiver seco e quente, e nenhuma folha se movimentar para refrescar seu trabalho? Quando tudo aparentar ir de mal a pior, lembra que a qualquer momento pode vir o vento de levante e este vento é o que mais peixes leva à costa de Cadiz.

O que é ter um enteado, como é ser a Madrasta?

Toca agora a musica que mais cantamos juntos, ele e eu, e senti meu coração se apertar um bocadinho. Sabe aquele sorrir por pensar em alguém?
Ele hoje tem 6 anos, erra as palavras enquanto canta, não sabe dizer melanina, já lhe expliquei 509 vezes mas sempre erra... 😁
Escolhi amar como meu, independente de amanhã, o hoje faço para sempre. 

Ter um enteado é ser a madrasta, aquela que não corrige porque isso é coisa do pai, mas que educa com o exemplo. Mando para cama, insisto para que lave os dentes DE VERDADE!! Oriento como uma professora ao aluno.

Preocupo-me como mãe, tal e qual aos meus 3 filhos, com a mesma paciência. 

Ter um enteado é trazer alguém para dentro do que antes era apenas minha família, é não ter apenas meus filhos. É ouvir tua filha dizer aos coleguinhas quando convidam para a festa de aniversário, posso levar o Afonso?? E sim, todos sabem quem ele é... é o nosso irmão, nosso filho, aqui é tudo NOSSO!

Os irmãos brigam? As vezes desentendem-se, discutem e obviamente o pai ou eu atuamos, nenhum é mais protegido... o foco é: Estão a brincar sozinhos, não conseguiram resolver um problema e brigaram? ESTÃO TODOS ERRADOS!
Se vejo que um está mais exaltado trato de chamar para outra atividade... do tipo... "quem não tirou o prato da mesa??" As vezes basta 1 segundo afastados para acalmarem-se.

Ter um enteado é ter avós, tios, cães, casas extra, para ele e para nós. Quanto mais gente boa a nossa volta, melhor!

É ouvir os avós que são dele e do Jorginho (que nasceu desta relação) perguntarem quanto calçam os meus e eu fazer questão de lembrar que o pé do Afonsinho cresceu. É meu pai vir de férias do Brasil e perguntar, qual o tamanho do pé dele? Ele é assunto cotidiano, e não só ele, mas as famílias adoratam-se entre si.

É regar uma plantinha que vem com arestas, umas ramas tortas que com respeito envolvemo-nos até que se encaixe.

Tenho ciumes do meu marido com o filho? Nossa!! Eu tenho é um orgulho brutal... na verdade foi o que fez-me apaixonar à primeira vista. Estava com o filho quando nos conhecemos.
Sou a que mais insisto para que compre o melhor para ele, insisto para que em nossa casa ele tenha as coisas todas que precisa, acho terrível ter que trazer e levar todo fim de semana de uma casa para outra.
Aqui é a casa, aqui tem tudo o que precisa. Insisto sempre que a prioridade são eles os 4, Jorge, Pedro, Afonso e Joana... todos tem igual. Se é o melhor para um é o melhor para os 4. Se menos para um, menos para os 4.

É preocupar-se com os trabalhos que a escola envia para fazer em casa e se os livros estão cuidados e sem orelhas.

Em resumo... é ter um filho que não nasceu de mim e será meu até que a morte nos separe porque não faço planos de pedir meu marido para que saia de casa.
Para se afastar da alcateia, é preciso maltratar muito esta loba aqui...

Se Deus o livre deixar de ser, agora não me interessa... Foco no hoje porque para mim "Basta a cada dia o seu próprio mal". :)
Porque te amo, com carinho, tua Mãedrasta. :)

Valorize quem te ama tanto...


Pedrinho tem me dado uma media de 2 beijos a cada 10 minutos... e ontem, caminhávamos pelo calçadão da praia aqui de Cascais. Como a maioria sabe eu tenho autismo #Asperger, assim como Joana e o Pedro ( #orgulho #tea ) e no meio de tanta gente ao fim da tarde, eu estava aflita, ansiosa, segurando as mãos do meu marido porque nessas horas eu evito caminhar olhando para frente. A ansiedade me deixa mesmo com raiva, zangada... mas sou "gente grande" e me controlo como é óbvio. Pedro, Joana e Afonso iam em bicicleta à nossa frente passando pela ciclovia... Pedro de tempos em tempos vinha dar-me um beijinho e corria de novo.
Em uma destas vezes eu disse, "Para Pedro, chega de beijos!"#maedesnaturada 
Não eram os beijos que incomodavam, eu é que estava ansiosa, fico mesmo diferente com tanta gente. A partir dali Pedro  começou a fugir e ir mais rápido que os irmãos... Joana e Afonso iam atrás dele, Jorge pai empurrava o carrinho do Jorginho, e eu aflita ia atrás dele... não tardou muito o inevitável aconteceu. Caiu e feriu a sobrancelha, um corte que vai deixar uma cicatriz bonita para ele se lembrar.
Ali, com sangue as pessoas ficaram muito prestativas. Uma senhora correu para o socorrer, eu de trás já dizia : "Não lhe toque por favor!!" (Já pedindo desculpas à generosa senhora) Tinha medo que reação dele agravasse a ferida.
Graças a Deus eles usam capacete, escolhemos uns para patins que são maiores e protegem mais a cabeça do que os que se usa para bike.
Com muita calma comprimi a ferida, fiz um curativo.
 Ficou como se nada tivesse acontecido, ele está bem...

Depois de tudo acontecer, lembrei do gatilho, como a rebeldia começou.
Sinto uma pontinha de culpa é claro, mas fiz questão de deixar claro, "Pedrinho fez doidoi porque desobedeceu e fugiu".
Nós acertamos, erramos, somos gente... Agora estou aqui, ansiosa para que chegue e me encha de beijinhos.

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