Estórias sem livros. (Sim, com "E")



"Mamãe, olha ali um buraco grande no chão....conta de novo aquela história de quando a tia caiu?"
"Claro Juju....
Sua tia e eu temos quase a mesma idade, e quando pequenas, brincávamos juntas...como você e o Pedrinho.
Estávamos de férias na cidade da minha avó. Que é sua Bisavó.
A cidade ainda era pequena, e na rua não havia asfalto. Que é isto preto que cobre o chão aqui. Em Portugal chamamos alcatrão.
A rua era de terra, uma terra vermelha. Bonita, mas ficava difícil de andar quando chovia. Imagina a lama Joana?
Certa vez, estavam fazendo obras na rua, e nós andávamos de bicicleta. Eu com 7 e ela 8 anos.
Tinham feito um buraco enorme na rua, para passar cilindros com sistema de esgoto. Se lembra que o sistema de esgoto é o que leva, resíduos do nosso sanitário, para uma estação de tratamento  onde limpam a água de novo antes de Jogar no rio?"
"Eu sei mamãe, e a água da pia também"
"E sua tia ficava dando voltas de bicicleta a volta do buraco, que era fundo. Ela sempre foi aventureira, mas dessa vez, a avó tinha dito para ela não fazer. Ela desobedeceu.
Depois de algumas voltinhas, ela caiu de cara dentro da vala. Vala é outro jeito de chamar um buraco feito no chão Juju."
"Ela ficou bem mamãe? Doeu? "
"Deve ter doído muito.... ela caiu de cara numa manilha."
"Manilha?"
"Sim, é como se chama o cilindro grande de concreto que passa por baixo da terra. Se fosse de plastico podia se quebrar, né Joana?"
"A vovó correu e tirou ela lá de dentro. E trouxe um gelo enorme e colocou na face dela. Não sangrou, apenas um hematoma. Que é quando fica roxo no lugar de um doidoi."
"A vovó brigou com ela por que ela desobedeceu? "
"Não Juju, não precisou... tua tia aprendeu uma lição para nunca mais esquecer: nunca brinque perto de buracos!"

A Pica do Pedrinho...




A gente sempre acha que só acontece aos outros... ou com aqueles meninos estereotipados pequeninos e barrigudos, vivendo em extrema pobreza. Mas não... meu Pedrinho, está com Síndrome de  PICA.
Mas o que é isso? 

É o nome dado para caracterizar pessoas que comem, e/ou tem desejo de comer, coisas estranhas como: terra, parede, telha, insectos (fora de sua cultura), folhas e um monte de coisas estranhas por deficit vitamínico, por pelo menos 1 MÊS. Também chamado de alotriofagia.

No caso do meu Pedro, é por anemia.

No início eu pensava que era a coisa normal de bebês que levam tudo à boca (ele está com 13meses). Ele sempre pôs tudo e mais alguma coisa na boca ao contrário da Joana que nunca pôs nada. Mas de uns meses para ca, a única coisa que ele come de estranho , é terra.

Ha pouco tempo ele teve o rotavírus, todos tivemos... pode ler sobre isso nesse link. E recentemente teve uma forte infecção que até causou a convulsão febril. Pode ler sobre isso no blog também. E nessas duas situações ele teve diarreia. Ou seja, perdeu e perdeu nutrientes.


Meu Pedro ainda mama no peito, come bem obrigada, mas ficou com anemia.

Pode acontecer a qualquer um, adulto ou criança. Lembro de uma vizinha que dizia que quando chovia queria comer a terra porque cheirava bem. Ein?? (Risos)

Normalmente não fazemos análises ao sangue dos bebês. A não ser que se desconfie de alguma coisa. No caso do Pedro, ele esteve hospitalizado pela convulsão febril e detectaram a anemia.

Se seu filho, se esconde como o meu para comer terra: Desconfie! Ele pode ter Pica. 

Não quero que meu filho seja um estuprador, o que eu faço?



Eu sei... o título está chocante. Mas o assunto é nojento, grotesco e merece atenção.
Antes de mais, estuprador(a) não é apenas pênis, e vitima não é apenas vagina.

Eu não sou capaz de impedir meus filhos de fazer o que seja, mas posso tentar. Como? Da única maneira possível: ensinando, educando para o amor.

Estuprador(a) se coloca na posição de superior a vítima, mesmo que seja uma pessoa cheia de complexos de inferioridade e doente...
Ele(a) não vê que o outro(a), é como ele. É inferior, merece, é para isso mesmo que nasceu.Merece levar!

Este pensamento vem sendo introduzido diariamente na cabeça dos nossos filhos. Com comentários cheios de sentimentos ruins, que menosprezam e diminuem os outros.
Alguém lhe ofende, lhe faz sentir ameaçado, e sua resposta é " ela não presta!", que "babaca", "odeio esta pessoa" "que oferecida" "que mané"... e pior por aí vai. Diminuindo, ofendendo. Mas pior que isso,mais do que palavras, demonstram o sentimento que têm.

Ontem vi uma foto na internet, que dizia que os homossexuais são abominação. Em nome de "Deus" assim devem ser tratados. E citavam versículos bíblicos.

Isso é um pensamente de um futuro estrupador. Sim, homossexuais são molestados diariamente, eles merecem!? Segundo essa afirmação, não só merece ser violado como merecem ir para o inferno.

Oque Stephanie, você não acredita que eles vão para o inferno?
Vou vos dizer o que acredito: Acredito que eu não sou Deus, eu não julgo e não decido nada sobre a justiça divina. Vim a esta terra para amar, ser amada e ensinar a amar. Eu vivo ou tento sempre viver de acordo com o que Jesus ensinou. A Lei de Moisés, que foi dada por Deus, mandava atirar pedras e olho por olho.
Jesus disse, não atire pedras, quem julga é Deus, apenas ame. E assim faço.
Se ensino meus filhos que eles podem atirar pedras, estou criando estupradores.
Se ensino que posso chamar pecador, endemoniado, ABOMINAÇÃO, eu estaria dizendo a eles: " vocês são acima disso, e podem apedrejar, violar, matar." 

Quem deseja sinceramente que alguém vá para o inferno, é um estrupador em potencial. E não são ideias minhas, isso veio de Jesus.
Ele disse: não julgueis, amem ao próximo, amem a si mesmo, e que os últimos sejam os primeiros. Disse que quem chama de louco, ou de abominação está sujeito a julgamento. Disse que cada um deve cuidar de si mesmo e de sua própria boca. Disse para eu não apedrejar e disse que quem não for bom e puro como uma criança, sem juízos de valor contra ninguém, não vai viver bem.

Então  como tento ensinar a meus filhos esses valores? Vivendo isso dentro de casa. Dentro de mim,e deixo eles verem como faço.
Não importa que religião, ou ateu, ou o que quer que seja que você acredita. Se você acredita ser superior a alguém, e pior, demonstra isso aos seus filhos... você está sim educando futuros molestadores da sociedade, que estão acima de todos e tudo. 


Não perca tempo falando de ninguém. Ensine o que deve ser feito e como não se faz. Mas principalmente, mostre e seja você, Jesus dentro da sua casa.

Direitos e deveres, as crianças também têm.


Não faço figuração! Tenho meu tom de voz mais áspero, minha filha sabe logo que está errada.
Digo várias vezes por dia :
"Para com isso!"
"Cuidado!"
"Desce daí A-G-O-R-A!"
"Nãããããããão!"
E a que mais detesto ter que dizer :"fala baixo antes que os vizinhos venham reclamar!" 

Eu não tenho mimimi...se é para resolver eu falo transparente e digo:"isso não pode por isso!"
Ensino, mostro como fazer...Tento dar sempre o melhor exemplo (#escolhasdiarias #dificilMasEuChegoLá), e estou presente dando atenção.

Ela sabe os direitos dela. Eu explico sempre.
Ninguém pode te tocar se você não quiser. Ninguém pode te bater, NUNCA, nem eu. "Se eu te bater, briga comigo, eu não posso!"
Ela tem o direito de não ser obrigada a nada, nem tomar banho. Eu explico sempre os motivos e ela entende faz o que é preciso. Ela é inteligente e esperta. Porque preciso obrigar alguém inteligente a fazer o que é bom para ela mesma? Não preciso.


Ela sabe os deveres dela.
Tem que cuidar da roupa suja dela, poe no cesto para lavar. Tem que guardar os brinquedos, de preferencia na mesma hora que termina de brincar. E ela sabe que se não fizer, ela não terá espaço para brincar, porque fica tudo uma desordem. Esse é o castigo de quem não arruma a casa. Fica com a casa suja e já fizemos o teste. (Risos)

Ela nunca pode gritar contra as pessoas, a não ser que infrinjam os direitos dela. Sim...eu quero que ela grite se alguém lhe tocar sem seu consentimento.

Não quero que ela mude ou deixe de ser como ela é. Apenas aparo as arestas. Mesmo que nem sempre goste muito, deixo ela inventar e fazer o que a imaginação da cabecinha fértil dela manda. E olha que a cabeça dela não desliga.

Minha responsabilidade é educar, mostrar o certo, mas as escolhas quem faz é ela. Certo ou errado, ela aprende principalmente com as consequências, sob TOTAL supervisão parental.

Meu bebê teve uma convulsão, e agora?



Ontem a noite, meu Pedro estava bem, brincando e feliz... e de repente deu um grito horrível, como se estivesse sendo eletrocutado. Corri e encontrei meu bebê de 1 ano e 1 mês de joelhos.
Peguei no colo, e vi que ele estava tremendo, com boca fechada bem apertada, a volta dos labios roxo, apertando os olhos e gemendo como se estivesse sufocando. Me apercebi que era uma convulsão. A primeira e espero que última!
Ele há dois dias que estava com febre e eu tratando com paracetamol e ibuprofeno. 
Aquela hora eu sabia que ele tinha um pouco de febre (38.5°)...mas como tinha dado ibuprofeno há 2 horas, não me preocupei muito. Um terrível erro que NUNCA mais espero cometer.

Assim que me apercebi da convulsão, coloquei-o no sofá, com a cabeça de lado. E ainda meio desesperada, pedia a Deus que aquilo acabasse.
Eu também tinha convulsões quando pequena, e sei que o risco é 4 vezes maior, de meus filhos terem.

Mas e agora?
Fomos para o hospital.
Normalmente depois de uma crise, que não costuma durar mais que 5 minutos, (eternos 5 minutos) o ideal é ir ao medico para averiguar nesse primeiro momento a causa da febre, descartar a possibilidade de meningite ou encefalopatia. Depois da crise ele dormiu por uns 20 minutos, muito calminho, mas bem. Depois acordou brincando.

Mantemos o tratamento, apenas adicionamos a opção do metamizol sódico 300mg (dipirona infantil) que deve ser usado apenas em situações extremas. E o diazepan pediátrico supositório que deve ser usado imediatamente a seguir crise para evitar que tenha outras.

Faz mal ele ter convulsões? Ele vai ter danos neurológicos?
Graças a Deus, os estudos dizem que não. E que mesmo que assustadores para nós, não acarreta danos maiores ao sistema nervoso da criança. Na verdade, eu aprendi a ler sozinha perto dos 3 anos de idade, e tive muitas convulsões.As convulsões tem um forte fator genético.

Agora é vigilancia total, sem esquecer o turno da noite. Intercalando os antipiréticos (remédio para febre) e tratar com amoxicilina pediátrico a infecção que está causando a febre.

Daqui em diante ele pode ter mais?
O risco é maior nos próximos 6 meses. E infelizmente pode acontecer até os 6 anos.

Depois disso ele vai ser epilético?
Não obrigatoriamente. Mas sim, existe uma possibilidade.
E assim foi... agora estamos bem. Espero que este texto te ajude.
Deixo aqui um link da sociedade portuguesa de neuropediatria, com um texto bastante completo.

Ele não quer ficar na cadeirinha de comer


Minha Joana sempre comeu bem, mas o Pedrinho, que até era comilão, agora anda enrolando para comer. Ele está com 1 ano e 1 mês.

Cada filho é diferente, e na ausência de um manual eficaz e que ele queira obedecer (risos) eu tenho que improvisar. Afinal de contas, o menino precisa se alimentar.

Eu adoro todos a mesa, comendo felizes e em paz. Bem comercial de margarina. Mas o Pedrinho agora já não quer ficar na cadeirinha dele, quer estar no meu colo e não quer comer ao mesmo tempo que a gente.

E o que eu faço? Pego ele no colo e como descansada, com ele no meu colo. Não consigo comer com garfo e faca, talvez menos elegante à mesa...mas comemos em paz sem gritos e choros.


E o Pedro não come? Come! Como??
Vou lhe deixando bocados de comida na mão... vou oferecendo colheradinhas. Umas ele recusa outras ele aceita. E assim vai.
Depois de eu comer, vou a janela com ele ao colo, e conversando e mostrando os passarinhos eu vou lhe dando outras colheradas.

O ideal é ter o prato deles sempre composto com a quantidade certa que deve comer, e ir servindo desta medida. Para ter uma noção de quanto ele come.
Sempre comidas fáceis...já escrevi bastante sobre isso. Deixo o link.
Convém ir oferecendo água, ou um suquinho natural que complemente a nutrição (Meu Pedro gosta de limonada). Porque por sede eles podem não querer comer mais uma colherada.

E sempre, eu tenho que comer. Porque é meu exemplo a mesa que vai ser seu ponto de referencia sobre refeição.

Mas ele vai ficar mal habituado? Não. Mau habito é gritar, brigar e chorar na hora da comida. Comer sorrindo, passeando pela casa, nunca fez mal a ninguém.

Ensinar meu filho a ser feliz?


Andamos em um terrorismo psicológico em busca da felicidade.
Passear, estar nas festas...ter amigos e rir alto.
Impondo que quem não é visto não é notado e quem não é notado é o desgraçado.

O problema é que como vivemos, educamos nosso filhos.

Ensinam que eles tem que ter muitos amiguinhos, que sair é que é divertido, e que sempre temos que fazer alguma coisa espetacular e diferente para o dia ser bom.
Que comer fora é mais divertido que em casa, que ficar em um hotel é melhor... que tantas coisas.

Em resumo... estamos impondo uma obrigação de ser feliz. Confundindo empolgação, euforia pela novidade, com felicidade.
Brinquedos caros e pompósos, sendo mais valorizados que a boa e velha amarelinha(macaca).

É claro que podemos fazer tudo e mais alguma coisa... dar aos nossos filhos tudo que pudermos e quisermos. Mas TEMOS que valorizar todos os momentos.
Já escrevi um texto sobre isso... não fazer nada faz bem.

Aproveite os momentos de tédio, as brincadeiras sem brinquedos, os momentos em casa. Seja grato por esse momento e ensine esta gratidão. Se ser feliz pode ser ensinado, essa é a lição que quero que meus filhos aprendam. Ser grato por tudo é o que nos faz feliz.

Postagens populares